Atualmente, o termo Medicina Periodontal vem sendo difundido entre os profissionais de Saúde, ao se comprovar que há correlação entre a saúde bucal e a saúde geral do paciente. O desafio é entender o significado clínico da Medicina Periodontal e como isso pode ser incorporado de forma eficaz na nossa clínica diária, já que a Medicina Periodontal estuda a interação fisiológica e patológica entre a saúde do periodonto e a saúde sistêmica do hospedeiro. Ou seja, é o estudo dos meios pelos quais a doença periodontal pode influenciar uma série de desordens sistêmicas.
Nos últimos anos, a correlação entre doenças bucais e sistêmicas tem sido estudada de forma exaustiva. Os pesquisadores têm investigado os mecanismos pelos quais as bactérias presentes no meio bucal contribuem para uma infecção sistêmica. Uma variedade de fatores e condições podem interferir e modular a relação entre o biofilme bacteriano e a resposta do hospedeiro. Dentre esses, os mais estudados são o diabetes e o tabagismo. Além desses, podemos citar a correlação entre doença periodontal e aterosclerose, complicações na gravidez, leucemia, obesidade, doenças nos rins, linfoma e mudanças hormonais.
Embora possam existir outras doenças que sofram influências das doenças periodontais, as mais estudadas são as que citamos no parágrafo anterior. Dessa forma, a orientação dos profissionais de Saúde quanto às interações existentes entre as condições bucais e sistêmicas torna-se imprescindível, uma vez que amplia a visão de sua especialidade para uma abrangência maior de assistência em Saúde. Se levarmos ainda em consideração que os pacientes que sofrem de doenças periodontais avançadas são candidatos a receberem implantes, essa interação torna-se ainda mais importante na manutenção da saúde geral.
A atuação multidisciplinar entre médicos e dentistas não deve ocorrer somente no diagnóstico precoce e no tratamento de enfermidades. A equipe deve promover a conscientização do paciente na adequação de seu estilo de vida, incluindo hábitos saudáveis e eliminação de fatores de risco para as diversas doenças. A prevenção é a melhor forma de assistência em Saúde. Assim, os exames pré-operatórios e a indicação da parte de nós dentistas para que o paciente realize um check up médico antes dos nossos procedimentos parece ser cada vez mais necessária, especialmente se o nosso paciente for um portador de doença periodontal.
Apesar do grande número de estudos clínicos recentes abordando a relação das doenças periodontais com consequências sistêmicas, a falta de padronização metodológica nessas investigações limita conclusões definitivas. Contudo, isso não afasta a ideia de que precisamos nos atentar para esses problemas, e a única forma de se realizar isso é ter uma visão multidisciplinar. Não basta só realizar o exame clínico e a sondagem periodontal, é preciso olhar o paciente como um todo.
Há a necessidade de que todos nós comecemos a valorizar mais a saúde bucal e seus reflexos na saúde sistêmica dos pacientes. Devem ser elaboradas estratégias de modo a conscientizar os pacientes sobre o impacto positivo da saúde bucal no prognóstico de várias doenças sistêmicas e que o não tratamento de problemas periodontais pode sim refletir negativamente na saúde geral das pessoas.
Fonte: Revista ImplantNewsPerio